domingo, março 18, 2012

Irônico destino

Eu realmente não queria que ele fosse embora. Aquele fim de tarde que só acontecia no verão, o céu rosa-avermelhado, as árvores balançando com uma suave brisa, mereciam um final tão espetacular quanto a vista da casa do lago. Queria que ficássemos juntos para sempre, envelhecermos e terminássemos nossas vidas como dois velhinhos daqueles rabugentos que se amam, e não conseguem viver sem um ao outro. Meu amor por ele era o maior sentimento que eu já sentira.
Ele quase pronto para ir, se virou para mim com o olhar de despedida e veio em minha direção me dar um beijo de 'até logo', que deveria durar alguns segundos, segundos que se estenderam para horas de amor, as quais até hoje me lembro.
Após todas as caricias, ele dizendo que precisava ir tentou levantar-se, não deixei ele levantar, estava com aquela sensação que eu não fosse mais vê-lo, até que o convenci a ficar, ele ficou mais uma hora, precisava ir a uma reunião com os diretores da empresa, não podia o segurar mais lá...
Até hoje me culpo pelo que aconteceu, assassinado. Ele foi assassinado durante a reunião por um dos seus sócios que havia enlouquecido, matou todos os co-diretores e se matou em seguida. Se eu não tivesse o deixado ir, ele estaria aqui, do meu lado, do jeito que deveria ter sido, mas nada é por acaso, se ele não está aqui é por que assim deveria ser.

-Paulo Carvalho

Um comentário:

  1. Final trágico, real, e, mesmo assim, bonito. Inusitado e nos faz refletir, adorei!

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Diz ae! :]